O presidente do CoríntiosAssim, Augusto Meloenfrenta um novo pedido de impeachment, desta vez protocolado por Paulo Roberto Bastos, conselheiro e membro da Chapa 82. O requerimento foi apresentado com base na reprovação das contas do clube referentes ao exercício de 2024, fato que acirra ainda mais a crise política no Parque São Jorge.
No documento, o conselheiro destaca um déficit financeiro de 19,4%, índice que se aproxima do limite de 20% estipulado pela Lei 13.155/2015 (Profut), configurando potencial violação ao artigo 25, inciso IV, da legislação. A informação foi dada inicialmente pela Gazeta Esportiva e confirmada pela Itatiaia.
Segundo o texto, a gestão teria usado critérios contábeis questionáveis, como a inclusão de doações da torcida para o pagamento da Neo Química Arena como receita operacional do clube, prática que levanta dúvidas quanto à transparência dos números apresentados.
Apesar da receita corintiana ter ultrapassado a marca de R$ 1 bilhão em 2024o endividamento também cresceu, atingindo R$ 829 milhõesvalor próximo ao total do faturamento, revertendo a tendência de queda registrada nos últimos três anos. Esse aumento foi apontado como um dos fatores determinantes para a reprovação das contas.
A reprovação foi aprovada pelo CORI (Conselho de Orientação) e ratificada por maioria do Conselho Deliberativo em reunião realizada na última segunda-feira (28), com 130 votos favoráveis à reprovação contra 73.
Diante disso, o pedido de destituição se apoia no artigo 106, alínea “C”, do Estatuto Social do Corinthians, que permite abertura de processo de impeachment em caso de reprovação das contas por irregularidades.
O documento aponta também uma série de falhas administrativas, descumprimentos estatutários e contratações irregulares. Entre os principais pontos elencados no pedido estão:
- Ausência de balancetes mensais e do envio prévio das demonstrações financeiras ao CORI (Conselho de Orientação);
- Contratações irregulares das empresas Workserv e Kiara Segurança Privada, ambas sem orçamento prévio, sem contratos formais, com funcionários não registrados e sem autorização da Polícia Federal para funcionamento no ato da contratação;
- Aumento de 85% nas despesas gerais e administrativas do futebol e contratação de mais de 100 funcionários para o clube social, elevando em 23% a folha de pagamento;
- Ausência de revisão orçamentária ao longo do ano de 2024, mesmo com a deterioração dos números;
- Gastos financeiros adicionais de R$ 200 milhões e omissão do relatório da Ernst & Young, contratado como auditoria ou consultoria;
- Nenhuma medida da Comissão de Ética diante da provável despesa de R$ 40 milhões em razão do imbróglio com o paraguaio Matías Rojas, cujo litígio já impôs condenação inicial ao clube na Fifa;
- Desmonte do Programa Fiel Torcedor, que teve sua receita reduzida de R$ 106,5 milhões, em 2023, para R$ 70,6 milhões em 2024, com forte queda no número de associados e reclamações crescentes.
Este é o terceiro processo de impeachment movido contra Augusto Melo. O primeiro, iniciado em agosto de 2024, ainda está em curso e é motivado pela investigação da Comissão de Ética sobre o contrato de patrocínio com a casa de apostas VaideBet. O segundo é relacionado à falta de informações sobre pendências financeiras do Timão.
Se o novo pedido avançar, Augusto Melo poderá ser novamente submetido ao rito de defesa e votação no Conselho Deliberativo, o que pode resultar em mais um afastamento temporário e a eventual convocação de uma nova Assembleia Geral de Associados, como prevê o estatuto do clube.
Fonte: CNN